Mobilidade e flexibilidade são frequentemente usadas de forma intercambiável, mas referem-se a dois atributos físicos distintos. Embora ambos sejam cruciais para manter um corpo saudável e funcional, compreender as suas diferenças pode ajudar a melhorar as tuas rotinas de fitness.
A flexibilidade refere-se à capacidade de um músculo ou grupo de músculos de se alongar passivamente através de uma amplitude de movimento. É determinada principalmente pelo comprimento dos músculos e tecidos conectivos, como os tendões e ligamentos. Pensa na flexibilidade como a tua capacidade de alongar. Por exemplo, ser capaz de dobrar-se e tocar nos dedos dos pés é uma demonstração de flexibilidade. Atividades como o alongamento estão tipicamente associadas à melhoria da flexibilidade, focando-se no alongamento dos músculos para aumentar a sua amplitude de movimento.
A mobilidade, por outro lado, é um conceito mais abrangente que envolve a capacidade de uma articulação se mover ativamente através da sua amplitude total de movimento, com controlo. Embora a flexibilidade seja um componente da mobilidade, a verdadeira mobilidade engloba força, coordenação e equilíbrio. Não se trata apenas de até onde uma articulação pode mover-se, mas também de como se move com estabilidade e controlo. Por exemplo, ser capaz de fazer um agachamento profundo requer não só articulações flexíveis nos quadris e tornozelos, mas também força e coordenação neuromuscular para controlar o movimento ao longo da amplitude de movimento.
A mobilidade é frequentemente mal compreendida porque muitas pessoas a confundem com flexibilidade. Enquanto a flexibilidade diz respeito a quão longe os músculos podem esticar, a mobilidade refere-se à capacidade do corpo de se mover através da sua amplitude de movimento com controlo e estabilidade. Este mal-entendido muitas vezes leva a um foco errado no alongamento estático, que apenas aborda um aspeto da mobilidade.
Outra conceção errada comum é que o aumento da flexibilidade leva automaticamente a uma melhor mobilidade. No entanto, ter músculos flexíveis sem a força e estabilidade necessárias não te permitirá necessariamente mover-te melhor. Por exemplo, alguém pode ter quadris, glúteos e isquiotibiais muito flexíveis, mas ainda assim ter dificuldades em realizar uma estocada controlada se lhe faltar a estabilidade dos quadris, a força do core e a coordenação do movimento.
A mobilidade desempenha um papel crucial nas atividades do dia-a-dia e no desempenho atlético. Uma boa mobilidade garante que te possas mover de forma eficiente e segura, em teoria reduzindo o risco de lesão durante as tarefas diárias que a vida te pode apresentar. Embora muitas pessoas tendam a ter a noção de que a flexibilidade é importante e o exercício intenso (onde a respiração é ofegante) também é importante, gravitam para dois polos diferentes. Uma combinação muito comum de exercícios que observo as pessoas a escolherem inclui o treino HIIT (Treino Intervalado de Alta Intensidade) sob a forma de bootcamps ou outros tipos de aulas, complementado com algum tipo de alongamento estático. Isto pode ser uma prática de yoga (nem todas as aulas são iguais, claro) ou simplesmente alongamentos guiados pela própria pessoa.
Embora estas duas opções sejam boas, podem levar-te a perder alguns benefícios essenciais. O treino HIIT envolve movimentos rápidos e ativos, muitas vezes realizados através de amplitudes de movimento curtas ou parciais, enquanto o alongamento estático envolve movimentos passivos e lentos através de vários planos de movimento, frequentemente um de cada vez. Estas duas modalidades geralmente não aproveitam o benefício de treinar os tecidos para funcionarem bem sob carga ou stress através de uma amplitude completa de movimento, construindo força dos tecidos e estabilidade articular em todos os ângulos que possas precisar para os desafios da vida, por mais raros que possam ser.
Focar-se no treino de mobilidade — que pode incluir alongamento dinâmico, treino de força e exercícios específicos de mobilidade — pode levar a uma melhor saúde articular e a uma maior força, preparando o teu corpo para os vários desafios que a vida possa apresentar, mesmo que seja apenas descarregar as compras do carro. Ao contrário do alongamento estático, que aumenta principalmente a flexibilidade, o treino de mobilidade melhora a forma como o teu corpo se move e funciona em cenários do mundo real.
Em conclusão, embora a flexibilidade e a mobilidade estejam relacionadas, não são a mesma coisa. A flexibilidade é a amplitude de movimento passiva de um músculo, enquanto a mobilidade é o movimento ativo e controlado de uma articulação através da sua amplitude de movimento. Compreender esta distinção é essencial para desenvolver uma rotina de fitness equilibrada que promova não só a flexibilidade, mas também a força, estabilidade e movimento funcional. Em vez de te focares apenas no alongamento para melhorar a flexibilidade, considera incorporar movimentos dinâmicos e exercícios de força que promovam uma melhor mobilidade geral.
No nosso canal do YouTube e na nossa página do Instagram, publicamos semanalmente vídeos sobre mobilidade geral e para partes específicas do corpo. Fica atento e inclui-os nas tuas rotinas de exercícios.