 
									No mundo de hoje, muitos de nós passamos uma quantidade excessiva de tempo sentados — em secretárias, em salas de aula, no sofá — convencidos de que a imobilidade é o preço da concentração e da produtividade. Desde cedo, somos ensinados que é preciso estar quieto para aprender. A escola exige isso, o trabalho reforça essa ideia. Mas e se esta crença tão enraizada não nos estiver a servir?
Para além das dores nas costas e do desconforto frequentemente associados a um estilo de vida sedentário, e se for a própria imobilidade o verdadeiro obstáculo? Estar sentado por longos períodos tem sido associado a desequilíbrios musculares, compressão da coluna, má circulação e enfraquecimento da estabilidade do core — tudo fatores que contribuem, ao longo do tempo, para problemas crónicos nas costas. E não se trata apenas de uma questão física; o desconforto e a dor podem comprometer a nossa capacidade de concentração e o envolvimento com a aprendizagem. E se, em vez disso, o movimento — e não a imobilidade — for a base natural de uma aprendizagem mais profunda?
O ser humano evoluiu em movimento. Durante a maior parte da nossa história, aprendíamos não sentados à secretária, mas através da exploração, observação e interação física com o meio envolvente. A aprendizagem era sensorial, dinâmica e integrada no dia a dia.
A neurociência moderna confirma esta ideia. A investigação sugere que, ao envolvermos múltiplos sentidos durante a aprendizagem — visão, audição, tato, movimento — criamos redes neuronais mais ricas. Estas experiências multissensoriais ajudam o cérebro a codificar a informação de forma mais profunda, promovendo uma melhor memória e compreensão.
O Dr. John Medina, biólogo molecular e autor de Brain Rules, reforça esta ideia com dois princípios fundamentais:
“O exercício melhora a capacidade cerebral.”
— John Medina, Brain Rules
A atividade física aumenta o fluxo de oxigénio para o cérebro, melhora a atenção e estimula a produção do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) — uma proteína associada à memória e à aprendizagem.
Ele acrescenta ainda:
“Quanto mais sentidos forem recrutados no momento da aprendizagem, maior a probabilidade de recordá-la mais tarde.”
Isto apoia a ideia de que a estimulação multissensorial — combinando métodos visuais, auditivos, cinestésicos e escritos — ajuda a codificar a informação de forma mais robusta no cérebro.
O cérebro prospera com variedade. Quando envolvemos mais do que um sentido durante a aprendizagem, ativamos várias regiões do cérebro. Esta diversidade fortalece a compreensão e aumenta a probabilidade de recordação. Utilizar vários sentidos pode:
Em vez de reservar o “tempo de estudo” apenas para quando estás sentado à secretária, considera formas de integrar a aprendizagem no teu quotidiano. Eis algumas sugestões práticas:

A ideia de que o movimento distrai da aprendizagem está ultrapassada. Na verdade, movimentar o corpo enquanto se aprende pode melhorar a capacidade de concentração e retenção de informação. O objetivo não é eliminar os momentos de estudo sentado, mas diversificar a forma como interagimos com a informação — e tirar partido da preferência natural do cérebro pela variedade e pelo movimento.
Por isso, da próxima vez que pensares que tens de te sentar para “realmente te concentrares”, considera levantar-te. Leva a aprendizagem contigo numa caminhada, numa viagem ou num treino. Deixa o corpo mexer-se, envolve os sentidos e permite que a aprendizagem se aprofunde de forma natural.
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