Quando se trata de postura, fomos ensinados a buscar a perfeição. Afinal, a boa postura é frequentemente associada a elegância, confiança e melhor saúde. Mas a ideia de postura perfeita é um mito – um que pode, na verdade, fazer mais mal do que bem.
Nossos corpos não são simétricos, e nem a nossa postura. Na verdade, mesmo o corpo mais aparentemente perfeito tem características assimétricas, como o coração, que está mais à esquerda do centro, o fígado, que está mais à direita do centro, e o pulmão direito, que tem 3 lobos em comparação com 2 no lado esquerdo.
Além disso, podem haver diferenças anatómicas na forma dos nossos ossos ou articulações. Nem todos têm o osso ilíaco direito da pélvis exatamente da mesma forma que o esquerdo, por exemplo.
Em termos de postura, é muito comum que um ombro seja ligeiramente mais alto que o outro ou que uma perna seja ligeiramente mais longa que a outra. Muitas pessoas, incluindo eu, têm um pequeno padrão escoliótico na coluna ou uma postura ligeiramente avançada da cabeça em comparação com o “normal dos livros”.
Muitas pessoas pensam que isso representa desequilíbrios na forma como nos movemos, que levará a compensações e nos deixará em risco de lesões. Isso pode ser verdade em alguns casos, mas essas alterações na nossa postura podem muitas vezes estar presentes desde o nascimento e não representar um stress fisiológico significativo. Outras vezes, podem ser resultado da natureza completamente normal e desequilibrada das nossas vidas.
A lista poderia continuar…
Tentar corrigir essas assimetrias naturais e alcançar uma postura perfeita pode, na verdade, colocar um stress excessivo nos nossos músculos e articulações. Pode até levar a dores crónicas ou lesões, ou pode interferir no seu desempenho durante desportos ou atividades físicas. Isso também pode levar as pessoas a sentirem que estão a fazer tudo errado ou que estão a desmoronar, quando na verdade podem estar a ir muito bem.
Em vez de buscar a postura perfeita, devemos concentrar-nos em desenvolver bons hábitos que apoiem os nossos corpos únicos. Aqui estão alguns exemplos:
Em vez de forçar o seu corpo numa posição antinatural, fique de pé ou sente-se confortavelmente e deixe o seu corpo encontrar o seu próprio equilíbrio.
Sentar-se ou ficar de pé numa posição por muito tempo pode colocar uma pressão excessiva em certas articulações e tecidos. Faça pausas ao longo do dia para se esticar, levantar-se e mover o seu corpo. Mude a sua posição de trabalho o mais frequentemente possível, visando pequenas mudanças na sua postura a cada 30 minutos, se possível. Clique aqui para ver um vídeo com boas dicas sobre isso!
Se passa muito tempo sentado à secretária, certifique-se de que a sua cadeira e o ecrã do computador estão posicionados de forma a permitir-lhe manter uma boa postura sem forçar o pescoço ou os ombros. Uma almofada de suporte lombar também pode ajudar a manter a coluna numa posição neutra. Investir numa cadeira bem desenhada que se adapte à sua altura e comprimento das pernas pode ser benéfico.
Treino de força, treino de mobilidade, alongamentos, etc. podem ajudar a criar uma melhor saúde dos tecidos, mas não precisa de treinar para a postura. Fazer exercícios para as costas não significa que esses músculos vão começar a puxá-lo para uma postura melhor. Não é assim que funciona. As melhorias na postura como resultado do treino são muito mais prováveis de estarem relacionadas com a saúde fisiológica geral e não com a seleção específica de exercícios.
Tente treinar o seu corpo de forma equilibrada, mas não há necessidade de evitar exercícios para o peito e fazer apenas exercícios para as costas porque alguém lhe disse que isso está a causar o arredondamento dos ombros. Não é assim tão simples.
Terapias manuais, incluindo quiroprática, têm sido promovidas por alguns para corrigir a postura, mas isso precisa de contexto. Terapias como a quiroprática podem ser incríveis para certos problemas de postura, mas para outros, nem tanto. Este será o tema de um post futuro.
Em conclusão, ao deixar de lado a ideia de postura perfeita, podemos desenvolver uma relação mais saudável e natural com os nossos corpos. Abrace as suas assimetrias naturais e trabalhe com o seu corpo, em vez de contra ele. O seu corpo agradecerá.
